autista e irmãos

Filhos autistas e irmãos sem diagnóstico: como lidar?

Quando temos um filho com autismo, é preciso se atentar, também, aos irmãos - mesmo que eles não tenham nenhum diagnóstico de transtorno no neurodesenvolvimento. O que fazer em situações como esta? Como promover uma relação saudável entre eles? Veja algumas dicas neste artigo!

Quando temos filhos autistas e irmãos sem diagnóstico precisamos de muita atenção nos cuidados. A casa pode ficar tão submersa na intervenção da criança neuroatípica que, mesmo sem querer, corremos o risco de colocar as necessidades dos irmãos em segundo plano. Se você está sentindo dificuldades na adaptação dos seus pequenos quanto à rotina da família após o diagnóstico de autismo, esse artigo é para você!

Nós sabemos: quando nasce um filho, acontecem grandes mudanças! Basicamente, toda a atenção precisa ser dirigida para o bebê. O que antes era prioridade, agora é deixado de lado e o foco é somente o necessário. O que chamávamos de ‘hobby’, torna-se uma noite bem dormida. Muitas vezes, é preciso se ausentar do trabalho e até o companheiro não ganha mais a mesma atenção de antes… Mas, e o irmão, como fica nisso tudo?

autistas e irmãos

Muitas vezes, os pais acabam – sem perceber – ‘’se esquecendo’’ dele. Entre muitas aspas, é claro! De qualquer forma, isso é natural e acontece, pois, naquele momento, o caçula é o maior foco.

  • Leia também: Quais as chances de ter um segundo filho autista?

Cada criança tem sua subjetividade. Porém, quando o irmão mais velho percebe que não está mais recebendo a mesma atenção de antes, isso pode tornar-se um problema; tanto para sua infância, como para sua vida adulta. E é muito comum isso acontecer nas famílias, por mais cuidadosos que os pais tentem ser.

E quando se trata de filhos autistas e irmãos sem diagnóstico?

Aí, é claro que a atenção e os cuidados com esse filho vão precisar ser redobradas! Aquele bebê, que antes era considerado super frágil, agora é visto como mais delicado ainda. Vai precisar de mais dedicação, apoio e, principalmente, muita estimulação. A colaboração e participação da família para as terapias da criança vai ser essencial!

Mas, e o irmãozinho? Ah, ele é “neurotípico”, não tem nenhum transtorno no desenvolvimento, não precisa de tanto apoio, atenção e dedicação… Será?

Pois é! Os pais, sem perceber, começam a usar todo seu tempo com aquele filho atípico; afinal, ele realmente precisa de mais estimulação e apoio. Mas, por mais que não pareça, aquele irmão típico sente isso. Ele percebe que não está mais recebendo a mesma atenção de antes e que, muito provavelmente, está se tornando ‘invisível’.  

Quando, por exemplo, a criança quer mostrar ou falar algo (que é interessante para ela), os pais acabam notando somente o que o outro irmão, autista, falou. Ou quando ele solicita algo, os pais, novamente, prestam atenção no pedido do outro, pois esse pode ser esse um dos objetivos que está sendo trabalhado nas terapias. Então, o irmão típico é ignorado de novo.

É muito comum isso acontecer e, por muitas vezes, passar despercebido dentro das famílias. É importante os pais se atentarem a esses sinais, pois os irmãos sem diagnósticos também precisam de atenção e amor. Então, como fazer para dividir a atenção, já que agora a família vai precisar dedicar tanto tempo para o outro filho, que realmente necessita de mais auxílio?

Como dividir a atenção?

Em primeiro lugar, valorize igualmente as conquistas e os atos de cada um deles. Sempre!

Nunca deixe de justificar os motivos pelos quais a sua atenção, por muitas vezes, está muito mais voltada para o outro irmão. Explique para os seus filhos que o irmãozinho precisa de mais apoio e peça a ajuda deles. Sim, eles vão querer te ajudar, pois assim receberão sua atenção! Naquele momento em que eles estiverem do seu lado, elogie e explique o quanto a ajuda e a participação deles é importante. Diga o quanto você os ama e como vocês, juntos, são importantes para o irmão neuroatípico.

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Keir Gilchrist e Brigette Lundy-Paine interpretam os irmãos Sam e Casey na série Atypical

Saiba reconhecer tudo o que eles fazem pelo irmão, corrigindo caso necessário. Explique como agir para estimular, de maneira eficiente e correta. Desta forma, além de ter novos parceiros e colaboradores, você está dando atenção e amor para todos! Muito provavelmente, filhos típicos se sentirão mais confiantes e vão conseguir entender, na prática, como agir com o irmão autista, sem o perigo de considerá-lo um membro da família “mais amado” e “mais querido”.

Além disso, ensine-os a brincar e interagir com o pequeno no TEA. Peça para a terapeuta, por exemplo, ensinar algumas estratégias para chamar a atenção para as brincadeiras! Assim, no futuro, eles terão lembranças boas da infância, de como eles foram especiais e importantes para o desenvolvimento um do outro. Isto por que a família, o tempo todo, afirmou e mostrou isso na prática.

Os cuidados de hoje terão resultados no futuro!

Por fim, pensando nesse contexto em que a família adotou estratégias relativas ao irmão, muito provavelmente, seus filhos sem diagnósticos terão pouca probabilidade de se sentirem crianças ‘’isoladas’’, ‘’mal amadas’’ e ‘’abandonadas’’. Ao contrário disso, poderão desenvolver muitas possibilidades de se olharem como indivíduos eficientes e capazes de encarar desafios, características essas que são importantes para uma vida adulta. E isso porque a família sempre os colocou nessa posição! Além disso, o filho autista não será “excluído” pelos irmãos e sempre encontrará neles um porto seguro.

E agora, te faço uma pergunta: Você tem dado atenção suficiente para todos os seus filhos? Pense um pouco sobre tudo isso…

Muitas vezes, pequenos gestos e palavras podem mudar muita coisa! Até a próxima.

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